Há alguns meses estreou na Netflix a série Erased, adaptação do mangá Boku dake ga inai machi, de Kei Sanbe. A história tem início nos anos 2000. Satoru Fujinuma (Yuki Furukawa) é um homem de quase 30 anos, que sofre com problemas de socialização. Trabalha como entregador de pizza, ao mesmo tempo em que não desiste de seu sonho de se tornar um mangaká. Ele possui o dom sobrenatural da “revivência”, um poder que permite a ele viajar no tempo sempre que presencia algum incidente grave, voltando ao momento do acontecimento que ocasionou tal tragédia. Isso ocorre de forma contínua, até que o incidente seja evitado.
Até que sua mãe é assassinada e ele, mais uma vez, volta no tempo. Porém, ao contrário das outras vezes, este retorno não é de apenas alguns minutos ou horas, mas de anos. Satoru acaba descobrindo que a morte de sua mãe está de alguma maneira ligada a um caso de assassinatos em séries iniciado em 1988 – ano para o qual ele retorna. As vítimas na época eram crianças, incluindo alguns colegas de escola de Satoru.
Agora temos, então, um Satoru com dez anos de idade, que mantém vivas todas as memórias de quase duas décadas à frente. Agora ele não apenas precisa impedir os assassinatos em série, mas também acaba tendo uma nova chance de viver sua infância e de construir laços de amizade.
Este foi o primeiro contato que tive com Erased – história oriunda do mangá Boku dake ga inai machi, de Kei Sanbe, que também tem uma versão em anime e um filme live action. Embora há anos tivesse vontade de ler o mangá, não resisti quando a Netflix lançou a série em J-drama e fui direto assisti-la. E preciso confessar que agora a vontade de ler e assistir todas as demais versões tornou-se ainda mais forte – especialmente pelo fato de o dorama contar com um final alternativo, diferente da obra original. Todo o enredo envolvendo viagens no tempo, com um suspense eletrizante capaz de prender qualquer espectador fã do estilo, acaba por fim se tornando apenas um plano de fundo para o que realmente se sobressai nessa história: as relações humanas. A amizade que Satoru constrói em sua segunda infância com a garotinha Kayo Hinazuki (Kakihara Rinka) – que seria a primeira vítima do serial killer – é não apenas adorável, como também emocionante. Assim como toda a trama envolvendo Kayo, que sofre violência doméstica pelas mãos de sua própria mãe.
Outro destaque, ainda no quesito “relações humanas”, é o relacionamento de Satoru com sua mãe Sachiko (Kurotani Tomoka), que de início se mostra um pouco conturbado mas que, assim como outros aspectos de sua vida, Satoru também tem a chance de consertar em seu retorno ao passado.
O assassino, ao menos para mim, se tornou óbvio em determinado ponto da história, o que não diminuiu em nada a emoção de quando ele de fato é revelado. O perfil psicológico dele também é muito bem construído.
Não dá para alongar muito a resenha, pois o drama é bem curtinho. Mas termino dizendo que Erased vale (muito) a pena ser assistido. Para os fãs de doramas japoneses – e mesmo aqueles que ainda não são familiarizados, mas têm curiosidade de conhecer – fica a dica. A série tem apenas 12 episódios, com 30 minutos de duração cada, o que a torna perfeita para maratonas.
Alguém aí já assistiu? O que achou? Conta para mim nos comentários!
Luciane Rangel é escritora, autora dos livros Destinos de Papel e Contando Estrelas, publicados pela Qualis Editora.
Leitora tracinha, dobradora de papel, geek, dorameira, jedi, lufana, além de Sailor nas horas vagas