Para quem vive no mundo dos games, este nome "Battlefield" certamente é bastante familiar. Porém, para quem não conhece, vamos começar apresentando o jogo.
BATTLEFIELD é uma série de jogos, produzida pela EA Games em parceria com a Digital Illusions, e iniciada em 2002, que faz uma simulação de uma guerra, e os jogadores se tornam soldados, agindo em primeira pessoa.
Ao todo, hoje, a franquia conta com 14 jogos e 18 expansões, e seu mais recente lançamento, Battlefield V, está para ser lançado mundialmente em Outubro deste ano. Porém, uma versão beta já foi liberada gratuitamente para que fosse possível sentir a jogabilidade e mergulhar neste universo.
Até aí tudo bem. O jogo costuma ser um sucesso e não seria diferente desta vez.
Só que um fator começou a desagradar alguns dos jogadores: o fato de haver mulheres como avatares para serem escolhidos. Mais precisamente na modalidade de sniper.
Este não é o primeiro jogo que usa a presença feminina em campo de batalha, porém, o que alguns usuários afirmam é que por se tratar de um universo baseado na segunda guerra mundial, não deveria haver mulheres no campo de batalha.
Patrick Söderlund, diretor de criação da EA, manifestou-se em defesa da escolha, usando sua filha de 13 anos como base. Ele afirma que ela pode escolher avatares em outros jogos, como Fortnite, então, não compreendeu o porquê de tanto falatório.
Nas palavras do próprio: "Nós nos erguemos em favor da causa, porque eu acho que essas pessoas que não entendem os fatos, bem, elas têm duas escolhas: ou aceitem, ou não comprem o jogo. Eu estou tranquilo com qualquer uma das duas opções”.
De acordo ainda com a produtora do jogo, Battlefield V é apenas livremente baseado nos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial. Outro produtor da série, Aleksander Grøndal, manifestou-se no Twitter com a frase: "Sempre colocaremos a diversão acima da autenticidade."
Só que há um grande equívoco pela parte dos jogadores de BFV. Havia mulheres, sim, na Segunda Guerra Mundial, inclusive em presença numerosa. Como enfermeiras, mecânicas, pilotos e atiradoras de elite.
Em uma recente matéria, o UOL citou, inclusive, nomes importantes que figuraram na época: "a neozelandesa Nancy Wake, que foi uma espiã dos Aliados no período, tendo ganho notoriedade pelos muitos nazistas que matou, ajudado grupos de resistência na França e resgatado prisioneiros de guerra e pilotos abatidos. Há também Lyudmila Pavlichenko, da extinta União Soviética, com 309 mortes confirmadas na Guerra, sendo reconhecida como a mais bem sucedida atiradora de elite na história".
Eu ainda cito outros: Virginia Hall - primeira agente feminina enviada para a França pela Executiva de Operações Especiais (Special Operations Executive, SOE); Jacqueline Cochran - comandou e treinou pilotos até o fim da guerra; Susan Travers - lutou lado a lado ao seu parceiro, um general francês, e liderou uma comitiva de fuga no deserto; Hedy Lamarr - inventou um sistema de comunicação que serviu como base para a telefonia celular de hoje em dia.
Estes são apenas alguns dos nomes que valem a pena ser mencionados e lembrados.
É uma pena perceber que em pleno século XXI os homens ainda percam tanto tempo se incomodando com a presença feminina em jogos e outros assuntos dos quais eles decidiram tomar posse. É triste, porque eles poderiam conquistar companheiras, parceiras e amigas ao invés de inimigas. Ou será que, talvez, os únicos avatares femininos que os interessam sejam aquelas com pouca roupa e com seios enormes?
Vamos torcer para que isso mude.