comunicacao7223
28 de ago de 20182 min
"Engulo em seco. Com meus olhos já acostumados à escuridão, a imagem de Melissa vai tomando forma à minha frente, banhada apenas pela imensa lua cheia e por um infinito de estrelas que se estendem pelo céu negro de Darfur.
— Como você mesmo disse — ela continua —, eu também vim para cá fugindo da realidade. Fugindo dos problemas, da dor, das dúvidas... E nunca, jamais, poderia imaginar que exatamente aqui iria encontrar alguém como você.
Deslizo meu corpo pelo banco, diminuindo o espaço entre nós.
— Alguém como eu? — Estou ridiculamente nervoso.
Melissa também está ansiosa. Meu coração acelera, e me sinto como um adolescente que conversa com sua paixão platônica, rezando intimamente para que forças divinas lhe concedam uma chance.
— Sim... Alguém como você. Eu me sinto exatamente da mesma forma, Chris. Você trouxe à minha vida uma esperança que nunca imaginei sentir novamente. Mesmo aqui, rodeada por esse caos generalizado... eu olho para você e me sinto bem. Em paz. É como se você fosse o sol num dia nublado, entende? Eu...
Não preciso ouvir mais nada.
Meus lábios tomam os dela sem pedirem licença, interrompendo o que ela estava dizendo. Mas eu não me importo: já dissemos tudo o que era necessário.
Nós somos a esperança um do outro. Nossas almas se entendem de uma maneira forte e inexplicável, e esse magnetismo não é sentido apenas por mim.
Puxo o corpo delicado de Melissa para perto do meu. Suas pernas, que estavam cruzadas sobre o banco, enlaçam minha cintura, envolvendo-me em um abraço reconfortante e caloroso. Percorro toda a extensão da sua boca, matando a saudade do tempo em que estive longe. Ela morde meu lábio inferior, e um gemido rouco escapa da minha garganta.
— Mel, você... eu... — Sussurro entre os lábios dela, minhas palavras ecoando dentro da sua boca ligeiramente aberta, convidativa.
Melissa assente fervorosamente com a cabeça, como se entendesse o que eu digo, mesmo com as palavras sem sentido que acabo de pronunciar, com minha frase inacabada. Seus dedos gentis agarram meus cabelos, puxam meu rosto para junto dela, e sua língua volta a me invadir. As mãos descem pelo meu rosto, pelo meu pescoço, e param na gola da minha blusa, segurando-a com força.
— Chris...
É a minha vez de assentir, sem me separar dos lábios dela. É magnífico ouvir meu nome saindo de sua boca num gemido ansioso. Fico grato por saber que ela deseja a mesma coisa que eu.
Fico de pé num impulso e trago Melissa comigo, ainda agarrada à minha cintura. As mãos soltam minha gola e seus braços envolvem meu pescoço, nossos narizes se tocando, os olhos ansiosos encarando os meus.
— Por que parece tão... certo? — Ela tem a expressão de alguém que tenta desvendar uma difícil equação matemática.
— Porque é o certo. Porque é assim que deve ser.
Ela concorda. A língua umedece os lábios, e um vinco se forma entre seus olhos.
— É assim que deve ser — repete, tomando minhas palavras como suas. "
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